Desde a antiguidade os filósofos trazem a
tona a “tal busca pela felicidade” e a recompensa por encontra-la é
simplesmente a paz. Eu poderia ficar aqui te olhando pelo resto dos meus dias. Esse
momento me traz tanta tranquilidade. Sua respiração equilibrada, seus olhos
repousados, sua boca perfeita e imóvel. Eu não consigo pensar em mais nada além
da pureza do seu semblante.
O melhor de te ver dormindo é saber que a
única coisa que pode te fazer mal nesse momento é o frio. E se acontecer, eu
estarei aqui ao seu lado pra puxar o cobertor e te deixar feliz. A minha
vontade é de te abraçar, te apertar, mas se eu fizer isso você vai acordar. E
eu não quero isso agora. Agora não.
Deixa-me aqui mais um pouco, porque assim
eu posso te admirar verdadeira e profundamente. Fico pensando que na correria
dos dias, que passam tão rápido, eu não tenho deixado tempo pra te observar
como antes. Ver uma pinta nova, um fio de cabelo mais claro, uma ruga talvez.
Se você soubesse o quanto me faz bem, só
por estar aqui, vivo. Eu, porém, não deixo você saber dessa minha “total
admiração”. Quando me pergunta se eu ainda te amo, me limito a dizer que “sim,
mas só um pouquinho”. E você sorri como uma criança só com esse “pouquinho”
imagina se soubesse o quanto ele significa pra mim...
Por alguns instantes eu pensei que esse
momento fosse o mais inesquecível, mas eu estava completamente enganada. A
nossa ligação é tão real que eu pareço conseguir ouvir seus sonhos e você os
meus pensamentos. Então, sutil e delicadamente você começa a abrir os olhos e
eu, ao mesmo tempo, acordo dos meus devaneios e encaro a realidade. Como eram
perfeitas aquelas cores, o contraste ideal e o brilho que eu precisava sentir
todos os dias.
É exatamente aqui, olhando nos seus olhos
ao ver você acordar, que eu me encontro e acho sentido para a vida e para o
amor. Com um sussurro de paixão você me diz oi e eu só consigo responder com um
sorriso largo. Então, mais uma vez, você me puxa e me aconchega em seu abraço,
fazendo com que a minha manhã se torne completa.
Pra terminar, você descobre minha beleza
com a ponta dos dedos, que deslizam carinhosamente pelas minhas costas e tomado
pela nostalgia de anos atrás, você segura meu rosto e me diz “eu te amo” apenas
com a sinceridade do olhar.